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O joio do trigo #47 - Saúde para a Saúde [2/4]
Nesta edição vamos buscar informações sobre as operadoras, a ideia é discutir sobre os aumentos atuais em uma discussão conjunta e positiva, baseada em dados.
Olá amigos 👋 ,
A pedido dos nossos leitores estamos fazendo um especial em 4 capítulos sobre o mercado de saúde no Brasil. No primeiro capítulo mostramos quem são os agentes que compõem o atual tabuleiro de xadrez da Saúde. Nesta edição vamos buscar informações sobre as operadoras, a ideia é discutir sobre os aumentos atuais em uma discussão conjunta e positiva, baseada em dados.
Alguns leitores mandaram algumas mensagens recentes comentando que sentem falta de mais conclusões em nosso Joio. Sem nenhuma arrogância, quem me conhece sabe:
Nós jogamos a centelha e os nossos leitores fazem a fogueira!
Vamos separar o Joio do Trigo?
O chique é ser simples
Importante fazermos um disclaimer que não acreditamos na tese entre culpado ou inocente, mas sim nos mecanismos de incentivos que moldam o modus operandi de um mercado. Na nossa última edição discutimos um pouco sobre os agentes e entre eles estão as operadoras de Saúde que de toda aquela cadeia é o único regulado pela ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar, portanto, com mais pressões sobre processos e sujeito a regras que os outros agentes não estão.
Assim, vamos voltar aos fundamentos. A Saúde ao cidadão Brasileiro é um direito garantido pela constituição, e posto em prática através das atividades do Sistema Único de Saúde (SUS). Quando se pensa no Plano Privado de Assistência à Saúde a Lei nº 9.656/98 é a principal norma do setor no Brasil:
“Prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou referenciada.”
Portanto, o plano de saúde é um serviço que fornece atendimento na área da saúde, através de exames, consultas e procedimentos, de modo contínuo, mediante o pagamento de um valor mensal pelo cliente. Na teoria o objetivo do serviço é ofertar assistência médica, hospitalar e/ou odontológica ao consumidor, respondendo à demanda que excede a capacidade de atendimento da rede pública. Porém, como vimos na primeira edição desta série, segundo a ANS a soma de todo o montante financeiro de eventos indenizáveis líquidos contabilizados pelas operadoras em 2023 já supera todo o orçamento público federal para a saúde no mesmo período. A lógica, portanto, parece que se inverteu.

Ilustração criada pela IA
Até aqui já temos duas reflexões interessantes. A primeira é que este setor que deveria responder à demanda que excede a capacidade de atendimento da rede pública, já tem custos de eventos indenizáveis maior que todo o orçamento público para a Saúde.
Segundo um estudo realizado pelo BTG Pactual, os níveis de sinistralidade atingiram seu pico em 2022, e com uma curva de redução lenta. Sendo simplista, as operadoras gastam quase 86% (segundo a última estatística) para cobrir somente os sinistros, sem contar as demais despesas. E o aumento do emprego pressiona este número, já que 71% dos Planos de Saúde privados são corporativos.

ANS, BTG Pactual
A segunda reflexão é que o negócio de uma operadora de Saúde na sua essência envolve a melhor precificação de risco em questão, assim como uma instituição financeira. Este mercado está mudando muito, mas em geral essas empresas assumem este risco sem ter o completo controle da cadeia de suprimentos, fornecedores e todo o resto.

ANS, BTG Pactual
O que fica evidente na estatística acima produzida pelo banco BTG com dados da ANS. Em 2022 aproximadamente 42% de todos sinistros se referem a hospitalizações e 19,3% com a realização de exames. E fica a pergunta, quais operadoras conseguem controlar seus principais motivos de sinistros? Eu não sei completamente a resposta, mas eu sei que este gráfico explica os movimentos de consolidação recente do mercado, que se resume a conseguir ter algum tipo de controle sobre a cadeia.
Na próxima edição, iremos compartilhar soluções inovadoras que estão sendo criadas por empreendedores e que no fundo têm como objetivo convergir os mecanismos de incentivo, mas sem perder a qualidade para o paciente, médicos e todos os envolvidos. Até lá!
A era da IA está apenas começando!
Adoramos uma indicação!
Se você conhece alguém que possa gostar do nosso trabalho, agora você pode indicá-lo. A propósito, adoramos indicações!

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