O joio do trigo #41 - Dormindo com o Inimigo

O termo "bet" pode não ser familiar para você, mas é bem provável que você já tenha visto casas de apostas patrocinando eventos como o Carnaval em sua cidade ou o seu time de futebol.

Como parte do meu trabalho, a cada semana eu leio muito conteúdo sobre dados, tecnologia e inteligência artificial (apelidada de IA). Eu faço uma seleção e envio para você os melhores.

Olá amigos 👋 ,

O termo "bet" pode não ser familiar para você, mas é bem provável que você já tenha visto casas de apostas patrocinando eventos como o Carnaval em sua cidade ou o seu time de futebol. Uma outra informação que talvez você não saiba é que se trata de um mercado estimado em R$ 100 bilhões em apostas por ano. De acordo com uma pesquisa do site ge, 68% dos patrocínios masters dos clubes das Séries A, B e C do Campeonato Brasileiro são de sites de apostas. Diante dessa “febre“, vamos analisar os dados e seus prováveis impactos na sociedade! 

Vamos separar o joio do trigo?

O chique é ser simples

Imagine que você ou alguém da sua família trabalha em uma fábrica que produz calçados infantis para famílias de baixa renda. Mesmo após um ano difícil, a situação na empresa ainda não parece melhorar como esperado.

As vendas da empresa não estão aumentando. Além disso, os clientes que compram a prazo estão com uma inadimplência maior que o histórico, o que é pior que não vender, pois é como vender e não receber. Diante desse cenário, o Diretor Comercial, preocupado com a situação, montou uma equipe para visitar os lojistas e representantes. Após as visitas, a equipe descobriu o seguinte:

Os lojistas disseram que menos pessoas estão entrando em suas lojas, e dependem da presença de clientes para vender. Portanto, eles demoram mais tempo para vender o estoque que compraram. Além disso, perceberam que os clientes estão buscando calçados de menor preço além do habitual.

Embora eu não seja economista, ao longo de 2023, percebi algumas divergências intrigantes nos indicadores econômicos. Por exemplo, houve um crescimento surpreendente do PIB (Produto Interno Bruto), mas uma demanda frustrante para o setor varejista. Não tenho a pretensão (e nem sei) explicar os motivos por trás desses movimentos, mas gostaria de explorar uma tese com vocês.

As apostas esportivas, também conhecidas como "bets", têm crescido exponencialmente no Brasil e  tornaram-se um desafio para a renda disponível dos consumidores. 

De acordo com um relatório divulgado pela XP Investimentos, baseado em dados do agregador de apostas BNL, a projeção é que o mercado de apostas online já movimenta mais de R$ 100 bilhões no país. Para contextualizar, a Magazine Luiza faturou R$ 60,2 bilhões em 2022, segundo dados da própria empresa. No mesmo ano, a Casas Bahia reportou um GMV (Gross Merchandise Value, ou valor total de mercadorias) aproximado de R$ 44,4 bilhões. Portanto, o total projetado para as apostas é um pouco menor do que o faturamento somado da Magazine Luiza e Casas Bahia em 2022.

Fonte: XP Investimentos

Mas qual o perfil desses apostadores? Você deve estar se perguntando, contrariando o ditado "casa de ferreiro, espeto é de pau", vamos aos dados: 

Um estudo realizado pelo Instituto Locomotiva em parceria com a PWC mostrou que aproximadamente 60% dos apostadores na amostra considerada são homens. Além disso, cerca de 55% têm até 30 anos de idade.

Fonte: Instituto Locomotiva, PWC

Em um estudo da empresa de dados Datahub, utilizando um modelo proprietário de renda presumida, estima-se que na amostra estudada, aproximadamente 68% dos apostadores têm renda média mensal estimada de até R$ 3 mil.

Fonte: Datahub

Segundo análise do Banco BTG Pactual com dados do IBGE e dos próprios varejistas, as cidades com menos de 500 mil habitantes representam 71% da população e 57% do PIB do Brasil. Nessas mesmas cidades, que criam a maior parte da riqueza do País, mais de 80% da população ganha em média até 2 mil reais por mês. 

Fonte: IBGE, BTG Pactual

Os números falam por si, mas é importante considerar também possíveis efeitos colaterais que podem não parecer correlacionados à primeira vista. Por exemplo, um aumento nos índices de violência.

Como o assunto é denso e amplo, com muitas informações, vamos terminar essa edição por aqui. Na próxima vamos continuar falando sobre o tema, explorando mais dados, cenários futuros e um pouco de análise preditiva no mercado de apostas. Até breve!

 A era da IA está apenas começando!

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