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O joio do trigo #57 - Olho de Tandera e as tarifas de Trump!
Olá amigos 👋 ,
Sabe aquela sensação de estar no aeroporto e descobrir que seu voo atrasou? Agora imagine isso acontecendo com 30 mil contêineres ao mesmo tempo. É mais ou menos isso que rolou desde abril, quando as tarifas de Trump entraram em cena.
Enquanto a maioria dos importadores corria para entender o que significava, na prática, uma tarifa de até 145% para produtos chineses, um pequeno grupo de empresas já tinha movido suas peças no tabuleiro três meses antes. Como? Simples: olhando para onde ninguém estava olhando.
Lembra do Thundercats? A visão além do alcance do Lion? É exatamente isso: o bom uso dos agentes de IA te dar superpoderes.
Vamos separar o Joio do Trigo?
O chique é ser simples
Um caso emblemático é o da Apple. Assim que Trump anunciou as tarifas, a Apple já estava pronta: poucos dias depois do anúncio, em um call de resultados, Tim Cook declarou que a produção começaria a migrar da China para a Índia – um movimento de supply chain que exige meses (senão anos) de preparação. A Apple é referência em gestão de cadeia de suprimentos mundial, e ficou claro que essa decisão não foi tomada da noite para o dia. Quando Trump percebeu, respondeu com força: Tim Cook foi até à Casa Branca e comprometeu a Apple com um investimento extra de US$100 bilhões além dos US$500 bilhões já anunciados. O recado ficou claro: o governo norte-americano não aceita, ao menos publicamente, que empresas contornam suas tarifas sem consequências.
Existe um detalhe curioso: produtos embarcados da China até 6 de agosto mantêm as tarifas antigas até 5 de outubro. Parece pequeno, mas é uma janela bilionária. Quem percebeu, economizou milhões. Quem não percebeu, paga caro agora para repor o estoque.
Os sinais estavam lá: em março, os cancelamentos de navios (blank sailings) dispararam. Empresas de análise preditiva avisaram: “Algo grande vem aí. Antecipem tudo que puderem.” O contraste é gritante: enquanto a maioria paga 15% a mais para repor estoque, o grupo que leu os sinais segue vendendo com margens intactas.

Essa turbulência abriu uma nova avenida de oportunidades: nunca foi tão valioso pensar em construir produtos SaaS focados em planejamento tarifário estratégico e gestão inteligente da cadeia de suprimentos. Plataformas que ajudem importadores a antecipar movimentos regulatórios, simular cenários de tarifas ou até detectar padrões escondidos.
Um importador de eletrônicos — caso real — tinha um painel que parecia coisa de filme da NASA: gráficos, números, setas para cima e para baixo. Mas o essencial não estava na aparência, e sim no que mostrava. Já em janeiro, antes de qualquer anúncio oficial, os dados começaram a indicar um padrão estranho: um salto de quase 300% nas consultas sobre “classificação tarifária alternativa” em sites do governo americano.
Tradução simples: algo grande estava vindo aí. A leitura foi rápida: “Vamos antecipar compras da China e diversificar para o Vietnã.” Resultado: quando as tarifas chegaram, essa empresa tinha estoque para seis meses e contratos garantidos em outro país. Os concorrentes? Descobriram que um videogame de US$300 agora custa US$435. E nem dava para trazer, porque navios da rota China–Costa Oeste simplesmente desapareceram.
Mais do que nunca, ser rápido e bem informado faz diferença: o Departamento de Justiça americano, por exemplo, está cada vez mais atuante em investigar e processar empresas que tentam burlar as regras tarifárias, tanto por vias civis quanto criminais, o que torna a antecipação e o compliance ainda mais estratégicos.
Aqui, o jogo se divide claramente em dois tipos de empresa (como citei acima): para quem já está há anos nesse segmento, movimentos como análise preditiva, uso de dados históricos e o monitoramento de rotas alternativas já são rotina — o chamado “business as usual”. Não surpreende, por exemplo, que um grande varejista brasileiro tenha surfado a onda e melhorado sua margem ao aproveitar excedentes de produtos que, por conta das tarifas, deixaram de ir para os EUA e passaram a ser importados para o Brasil.
No fim das contas, enquanto a maioria paga 15% a mais para repor estoque, quem enxerga além e se antecipa às mudanças segue com as margens preservadas. Como dizia Lion: “Espada Justiceira, dê-me a visão além do alcance!”. Só que agora, essa visão vem em forma de dados e inteligência artificial. Porque remediar custa 145% a mais.
A era da IA está apenas começando!
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