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O joio do trigo #56 - Mercado de carros elétricos: quando vai virar a chave?

Olá amigos 👋 ,

Entre 2020 e 2024, as vendas de veículos elétricos a bateria (BEVs) no Brasil passaram de aproximadamente 3 mil para 61.615 unidades. Trata-se de um crescimento acumulado de mais de 1.900% em apenas quatro anos, com taxa média anual superior a 100%. Quando se incluem os híbridos plug-in (PHEVs), o número salta para 125.624 unidades em 2024. Os números impressionam. Mas impressionar não é o mesmo que transformar.

Vamos separar o Joio do Trigo?

O chique é ser simples 

A transição energética no setor automotivo global é um processo em curso, impulsionado por preocupações ambientais, avanços tecnológicos e mudanças no comportamento do consumidor. O Brasil, com seu amplo mercado e uma matriz elétrica majoritariamente renovável, tem potencial para protagonizar essa mudança. Mas o caminho está apenas começando.

O ritmo recente é acelerado. O crescimento de 89% nas vendas em 2024, em relação ao ano anterior, marca um salto inédito. Ainda assim, no primeiro trimestre de 2025, os veículos elétricos representaram 12,5% das vendas de leves — o que significa que 87,5% dos consumidores ainda escolhem motores a combustão.

O mercado avança, mas a partir de uma base historicamente muito baixa. Mesmo com a projeção de 1,4 milhão de BEVs acumulados até 2030, isso representaria apenas 2,35% da frota circulante de veículos leves. É um avanço, mas ainda distante de uma transição consolidada.

Há sinais de oscilação. No primeiro trimestre de 2025, as vendas de BEVs caíram 8,3%, enquanto os PHEVs cresceram 83,6%. O dado sugere cautela do consumidor: prefere-se, por ora, a flexibilidade híbrida ao compromisso com o elétrico puro.

Fonte: o próprio autor

Mesmo na estimativa mais otimista — em que eletrificados leves (BEV + PHEV + HEV) representariam até 54% das vendas em 2030 —, o movimento se configura como uma substituição progressiva, e não uma ruptura. A transformação, se vier, será localizada, gradual e dependente de variáveis estruturais: renda, infraestrutura, percepção de custo-benefício.

Em resumo: o mercado de veículos elétricos no Brasil cresce rápido, mas ainda não altera a estrutura dominante. A velocidade impressiona, mas não significa, por si só, inflexão. As projeções são ambiciosas, mas os números atuais exigem leitura crítica.

O entusiasmo não dispensa a análise. Nem toda curva de adoção inclinada representa um ponto de virada. O que se vê é crescimento real — mas não, ainda, uma transformação de fundo.

Para facilitar a compreensão do cenário, desenvolvemos um dashboard baseado exclusivamente em dados públicos (link a seguir), organizado para oferecer uma leitura estratégica da evolução do mercado brasileiro de veículos elétricos. A ferramenta permite acompanhar tendências, comparar tecnologias (BEV, PHEV, HEV), visualizar participação de mercado por fabricante, mensurar o avanço da infraestrutura de recarga e explorar projeções até 2030.

As visualizações reforçam o diagnóstico: o crescimento é vigoroso, mas ainda limitado por desigualdades regionais, forte concentração de marcas e um perfil de consumidor restrito. A expansão deve continuar, mas o ritmo será definido por adaptação mais do que por disrupção.

O dashboard não projeta o futuro — ele organiza o presente. E oferece parâmetros concretos para quem deseja compreendê-lo com mais clareza. A transformação poderá vir. Mas não será automática. Dependerá menos do impulso de um ano e mais da consistência de uma década.

O que temos, por ora, é uma fotografia em movimento: um mercado que ganha tração, mas ainda não virou a chave.

A era da IA está apenas começando!

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Até o próximo!

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