Especial de Natal - O joio do trigo #37

Essa é a época do ano em que tradicionalmente entramos no modo "Fechado para balanço". Em geral, iremos definir novas metas e planos, buscando voltar em 2024 quase como "Sob nova direção". Como acreditamos que o chique é ser simples, vamos seguir a tradição, fazendo um balanço da inteligência artificial em 2023, porém mostrando que os primeiros passos foram dados há mais tempo do que parece.

Como parte do meu trabalho, a cada semana eu leio muito conteúdo sobre dados, tecnologia e inteligência artificial (apelidada de IA). Eu faço uma seleção e envio para você os melhores, todos os domingos.

Olá amigos 👋 ,

Essa é a época do ano em que tradicionalmente entramos no modo "Fechado para balanço". Em geral, iremos definir novas metas e planos, buscando voltar em 2024 quase como "Sob nova direção". Como acreditamos que o chique é ser simples, vamos seguir a tradição, fazendo um balanço da inteligência artificial em 2023, porém mostrando que os primeiros passos foram dados há mais tempo do que parece.

Falando em balanço e aproveitando o clima de Natal, o nosso Joio chega hoje na nossa edição número #37. A nossa primeira publicação foi no dia 07 de fevereiro. Se você gosta do nosso conteúdo e acha que pode ser útil para alguém, compartilhe. Vamos separar o Joio do Trigo?

O chique é ser simples

Apesar de parecer uma série de ficção, não é. Em 2023, vimos palavras como algoritmos, parâmetros, inteligência artificial frequentemente estampadas em capas de jornal ou na conversa de final de semana com a família. Todo este movimento acelerado por surpreendentes ferramentas de inteligência artificial, que tiveram ampla adoção, desenhando uma realidade onde todos parecem ser capazes de realizar sonhos simples, de criar um logotipo até compor uma canção. Tomaram conta do imaginário popular, dando habilidades para todos os seus personagens e gerando muita sensação de familiaridade com essa nova tecnologia.

Imagem criada pela ferramenta Midjourney

Toda essa familiaridade, ao mesmo tempo em que faz a IA quase um membro da família atualmente, também faz esquecer que algumas ideias são mais antigas do que parece e que as mudanças mais profundas talvez estejam ainda por vir. Olhar para essa breve história é uma ferramenta importante para entender um pouco o futuro. Separamos três momentos da história, existem muitos outros, que foram marcos importantes para que todas essas tecnologias obtivessem tamanha adoção e destaque.

Momento 1: As máquinas resolvendo problemas reservados aos humanos

O campo da inteligência artificial teve seu início em um projeto de pesquisa realizado no verão de 1956, no Dartmouth College (foto a seguir). Entretanto, a ideia inicial foi concebida no ano anterior, quando John McCarthy, Marvin Minsky, Nathaniel Rochester e Claude Shannon enviaram uma proposta para investigar a criação de máquinas inteligentes, marcando o primeiro uso do termo "inteligência artificial".

Em um documento de 17 páginas datilografadas em 31 de agosto de 1955, os autores tinham entre seus objetivos (tradução livre):

O estudo prosseguirá com base na conjectura de que todo aspecto da aprendizagem ou qualquer outra característica da inteligência pode, em princípio, ser descrito com tanta precisão que uma máquina possa ser construída para simulá-lo. Será feita uma tentativa de descobrir como fazer com que as máquinas usem a linguagem, formem abstrações e conceitos, resolvam tipos de problemas atualmente reservados aos humanos e se aprimorem

John McCarthy, Marvin Minsky, Nathaniel Rochester e Claude Shannon

Para uma janela de tempo de 70 anos, em geral pouco tempo para a ciência, impressiona a precisão em relação ao futuro. Uma estatística curiosa, que ajuda a entendermos essa contradição entre muito e pouco tempo, é que em 1955, quando o documento foi escrito, a expectativa de vida de uma pessoa era de aproximadamente 50 anos.

Momento 2: É o primeiro rival do cérebro humano - New York Times

No entanto, estamos prestes a testemunhar o nascimento de uma máquina capaz de perceber, reconhecer e identificar seus arredores sem qualquer treinamento ou controle humano

Frank Rosenblatt

Você consegue imaginar o texto acima em alguma matéria do jornal de amanhã? Imagino que está dizendo sim, afinal, mais atual, impossível. E se eu te contasse que foi escrito em 1958 pelo psicólogo e engenheiro Frank Rosenblatt, descrevendo o potencial da máquina que estava terminando de projetar, o Mark I Perceptron (imagem abaixo):

A revista Wired Italiana descreveu Rosenblatt como o inventor da primeira inteligência artificial. Segundo a reportagem, a direção em que o pesquisador estava era a certa, mas ainda era muito cedo. A matéria conclui que sua invenção pode ser facilmente considerada como o primeiro ancestral do ChatGPT.

Momento 3: A comunicação entre Homens e Máquinas - ELIZA

Joseph Weizenbaum foi um cientista da computação e professor emérito do MIT (Massachusetts Institute of Technology). Em 1966, desenvolveu o chatbot ELIZA, um dos primeiros programas de computador capazes de processar linguagem natural e realizar uma forma de conversação, simulando um psicoterapeuta.

Em uma reportagem do jornal The Guardian, Weizenbaum declarou que na época era difícil convencer as pessoas de que Eliza não era humana. Em outro artigo, o pesquisador escreveu que uma vez sua secretária pediu que ele saísse da sala, pois iria falar com a Eliza. Reproduzimos abaixo um trecho traduzido livremente:

Em 15 de abril de 2023, quase 60 anos depois, um jornal de grande circulação publicou uma matéria sobre o uso de ferramentas de IA generativa pelos jovens:

Segundo a matéria do The Guardian, o criador do primeiro chatbot do mundo comentou (em tradução livre):

Weizenbaum gostava de dizer que cada pessoa é produto de uma história particular. Os computadores vieram naturalmente para ele. A parte difícil, disse ele, era a vida

The Guardian

Enquanto escrevia esta edição, neste ponto me fiz uma provocação e gostaria de dividir com você, leitor: Será que evoluímos tanto assim?

É evidente que cada um vai responder de forma particular, assim como eu faço agora. Pela facilidade, muitas vezes vemos um pequeno trecho do filme e acreditamos que compreendemos toda a história. Um exemplo clássico desse paradoxo é o do quebra-cabeça. Se você ver apenas uma peça de um quebra-cabeça, em geral não poderá dizer qual é a imagem; talvez precise de mais peças para tentar inferir a imagem completa.

Desejo a todos um Feliz Natal no ano da Inteligência Artificial.

 A era da IA está apenas começando! (ou não) :)

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até Domingo…

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